
Bem, mesmo fingindo acreditar na lógica do Sr.Iwata, quedas de preços sempre foram muito benéficas para as vendas de consoles. Estejam os mercados em crise ou não. De fato, a maior parte deles é vendida com preço subsidiado (leia-se, com prejuízo), justamente para incentivar o aumento da base de usuários e recuperar o dinheiro posteriormente, na venda de jogos, que é onde costuma estar a maior parte do lucro.
O Wii sempre foi um caso à parte. Mesmo no seu lançamento, período em que normalmente um console é vendido com maior prejuízo, ele já estava no lucro. Segundo essa reportagem, o custo de manufatura do aparelho girava em torno de $158 - nada surpreendente, dada a relativa obsolescência do hardware, baseado no antecessor Gamecube. Somando os custos de distribuição, marketing, etc, esse valor subiria para $196. Recentemente, um analista previu que os custos de manufatura do Wii deveriam ter caído cerca de 45% - algo que já seria de se esperar. Bem, $158 - 45% = ~$103. Com os mesmos custos adicionais, esse valor iria para algo em torno de $141. Para sermos generosos com a Nintendo, vamos colocar uma margem de erro, e aumentar isso aí para $150. Considerando que o console continua sendo vendido por $250, temos uma margem de lucro de $100, ou seja, 40%! Claro que uma parte disso vai para o vendedor, mas mesmo assim é uma margem de lucro fantástica para um console, o que daria um grande poder de manobra ao seu proprietário.
Se mesmo com uma margem de lucro dessas a Nintendo não se interessa em fazer um corte de preços, apesar das vendas em franco declínio, a única explicação que considero razoável é que o grosso do seu lucro está mesmo na venda do aparelho, e não dos jogos em si. O que me leva a duas conclusões:
- A Nintendo conhece o público que tem. Ou seja, ainda que possa contar com o apoio incondicional dos seus fiéis fãs, a verdade é que a maioria dos Wiis parece estar mesmo coletando poeira, como muitos e muitos afirmam por aí. Principalmente nas salas dos tais "jogadores casuais". Ao contrário dos jogadores hardcore, que compram múltiplos jogos e mantém seus consoles ativos, os usuários casuais compram por impulso, se contentam apenas com o jogo que acompanha o aparelho, e o utilizam muito pouco (tipicamente em festas). Nesse cenário, realmente não há grandes lucros na venda de jogos - seja diretamente, seja através dos royalties de third-parties.
- A Nintendo não está planejando gastar muita grana com o desenvolvimento de um grande número de novos títulos. Alguns, talvez. Muitos, não. Desenvolver um título "AAA" é caro, demorado e arriscado. Para recuperar a grana e diminuir os riscos, é preciso ter uma grande base de usuários - ainda mais quando a grande maioria deles não é muito afeita a adquirir um segundo ou terceiro jogo. Se a Nintendo estivesse investindo pesado em novos títulos, ela estaria bastante interessada em vender os wiis por um preço mais atraente, já que o ganho posterior na venda de um grande número de jogos superaria, por grande margem, as perdas ocorridas na diminuição do lucro de venda do aparelho.
Para terminar, vale lembrar que a versão "arcade" do Xbox 360, que possui um hardware bem mais moderno e sofisticado (e consequentemente mais caro) do que o Wii, é vendido por cerca de $200. Ou seja, cinquenta dólares a menos que o console da Big N. E o PS2, com sua biblioteca colossal de excelentes títulos, é vendido por apenas $99.
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